Uns querem ter. Outros, nem sonhar. Uns podem criar. Outros não, precisam dar. Uns querem amar. Outros, não sabem como fazê-lo. Uns têm tempo de sobra. Outros, mal param em casa. Uns estimulam o saber, outros estimulam o ócio. Uns mostram que o importante é ser, enquanto outros que o que mais importa é ter. Poucos visitam a escola dos filhos enquanto a maioria não conhece sequer um de seus professores. Uns poucos querem saber aonde estão seus filhos e o que fazem, enquanto muitos querem deles se ver livres. Estes somos nós, os pais desta geração.
Pergunto eu, para onde estamos indo? Qual a perspectiva futura para os nossos jovens? Que tipo de família eles construirão? Que educação darão a seus descendentes? Quem será o seu Deus? Qual será a sua fé? Em que e em quem acreditarão? Como será a sua velhice? Se é que a vida que alguns levam lhes dará chance de envelhecer...
Os adolescentes de hoje de todo e qualquer nível sócio-econômico estão sendo massacrados por uma mídia inescrupulosa e sendo submetidos a uma completa lavagem cerebral de valores , responsável pelo empobrecimento desta nova geração.A maioria dos jovens de hoje está mais pobre de espírito, mais vazia, mais consumista, mais fútil e consequentemente mais infeliz.
Não acredito que a felicidade se encontre na roupa de grife, no carro último modelo, na tatuagem da moda, ou na transa com o cara mais fera da galera. Não está também a felicidade incrustada no piercing genital, nem no lingual, muito menos na gravidez prematura. Creio eu que a felicidade está dentro de cada pessoa sendo diretamente proporcional a capacidade de amar e de se deixar amar, de dar e receber amor que cada um tem.
Creio que a baderna governamental e econômica e o enorme descaso pela educação que já conta anos e principalmente na última década, se reflete na má educação de uma população. E a nossa,um bom exemplo, é bem justa quando reflete jovens que muito pouco ou quase nada respeitam aos professores, aos mais velhos, aos portadores de necessidades especiais, a natureza, aos animais e até mesmo a si próprios. Ninguém respeita mais ninguém nem coisa alguma. As escolas deseducam e uma minoria de pais não encontra eco em suas reinvidicações por uma melhor educação. As escolas particulares viraram grandes empresas, grandes negócios.Preparam para o vestibular, mas não educam.
As escolas públicas, essas meu Deus, são raras as que podem levar o nome de escola.
Além disso a luta pela sobrevivência colocou pai e mãe fora de casa a trabalhar pelo menos 8 horas por dia. E os filhos, quem os educa. A rua? A TV? As lanhouses com seus jogos alucinantes? A Internet com o MSN, orkut e sabe Deus o que mais...As escolas com seus modelos arcaicos de “educar”?
A maioria de nossos jovens, exceto uma pequena minoria que não se enquadra no grupo jovem de comportamentos de risco, esta largada à mercê de uma política educacional capenga e ilusória, cuja maior preocupação é delimitar currículos e data para fechamento de semestres, mas não se preocupa com o que há de mais importante na formação do homem, que é a formação humanística, o estímulo aos valores além de melhorar a qualidade das atividades culturais oferecidas à população.Dentro deste contexto de pais ausentes por um motivo ou por outro, escolas de qualidade questionável e programação cultural de baixíssimo nível, somente uma minoria sai ilesa.
Existem exceções? Mas é claro. Sempre existem muitas e boas exceções.Crianças que nascem na favela, em ambiente hostil e que aproveitam todas as pequenas oportunidades, superam as dificuldades e se tornam seres vitoriosos. Assim como também
os que nascem em berço de ouro e não desperdiçam as oportunidades. Os que nascem bem
e não jogam fora as bênçãos. Estes também são vitoriosos num mundo onde alguns poucos privilegiados aprendem desde cedo a desperdiçar. Há pais que amam seus filhos e cuja missão de educador é mais importante que qualquer título de pós-graduação ou as taxas de juro da bolsa de cereais. Há professores que são educadores natos e que fazem despertar a curiosidade pelo saber em cada um de seus alunos através do amor e dedicação.
É preciso que estas exceções sejam contagiosas e que se disseminem via escolas, famílias e comunidades em geral para que possamos ter no futuro adultos mais amorosos, menos egoístas, mais equilibrados e mais felizes.