sexta-feira, 28 de junho de 2013

VIDA

                   

                       Estrelas 3D em papel (Fátima Azevêdo)



                      VIDA
                          (Fátima Azevêdo)

VIDA, sorrisos, lágrimas, abraços, 
carinhos, meus ninhos, sins, nãos.
VIDA, compasso, meu passo, 
em sapatos de asas que não tocam o chão.
VIDA, plena e vazia,
de noite e de dia, aguarda alforria.
VIDA, vestida, despida, 
um fiapo de linho em desalinho.
VIDA tua, vida minha, 
nem por isso vida nossa.
VIDA limpa, vida suja, 
sem arremedos que tolham meus medos.
VIDA que habita a essência 
da mais pura demência dos “sem depois”.
VIDA sem trato, maus tratos 
e pratos vazios no ato.
VIDA sem posse, 
que implora o mais doce dos abraços.
VIDA minha, vida tua, quase nua, 
no eterno compasso das horas.
VIDA inteira, vida agora, 
vida eterna, viva aurora.
(27.06.2013)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

ANTES QUE O GÁS APAGUE



  
                    
                        Aquarela sobre papel-Fátima Azevêdo


ANTES QUE O GÁS APAGUE

Eu não quero estar certa,
não quero ser melhor,
não quero me poupar,
nem quero me esconder.

Prefiro beber todo o féu,
do que me negar sentir
o que achei nas entrelinhas
dos olhares, dos pensamentos,
dos tempos, dos sussurros.

Eu não quero estar morta,
nem atrás da porta
quando você chegar de viagem.

Prefiro sair antes que o gás apague
e a panela seque.
Prefiro bater a porta
e jogar a chave fora.

terça-feira, 11 de junho de 2013

A PALAVRA

      Desenho à lápis posteriormente trabalhado em PS (Fátima Azevêdo)


                A PALAVRA
                          (Fátima Azevêdo)
                                             
            Minha quarta dimensão. Nada premeditado. Nada planejado. Vão fluindo, vão brotando e eu não tenho controle algum sobre elas, as palavras. Com todo respeito à Clarice (a Lispector), elas também são minha quarta dimensão. Ai de mim se não fossem as palavras. Às vezes posso dizer muito sobre muitas coisas e outras vezes, sei muito sobre outras tantas e não posso falar. Não devo falar. Então eu calo. Mas não que eu goste de calar, é porque simplesmente eu respeito as pessoas. Eu respeito até quem não me respeita. Eu não gosto de causar constrangimento aos outros.  Então, eu sei de coisas, mas não falo. Eu guardo muitas estórias, vasos quebrados de terceiros e muitas memórias, nos vários aposentos do meu coração e às vezes jogo fora também. Toco fogo. Queimo tudo. Faço uma faxina geral. Eu sei de coisas que me fizeram e as pessoas nem sabem que me fizeram. Eu senti tristezas que vocês nem imaginam por que, nem por quem. Eu já caí do dorso do meu cavalo alado tantas vezes que não daria para contar nos dedos. Ainda assim, continuo acreditando nos seres bípedes, mesmo quando  trocaram o par de braços por mais um de pernas. Continuo crendo que pessoas não magoam outras de caso pensado. Penso que a alegria, o amor e a paixão, são o estado normal de se viver e que qualquer coisa que nos tire dessa sintonia, qualquer pessoa que nos roube dessa harmonia, deve ser sumariamente eliminada de nossa esfera de luz, sem piedade. Nessas horas eu não sou piedosa.
            Eu e você temos a nossa própria luz que é feita de nossos pensamentos, de nossos desejos, de nossas atitudes, de nosso amor, de nossa paixão, etc. Somos o que pensamos, o que desejamos, o que fazemos e amamos.

(26.10.10) 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

MALABARISTAS

       

                                         Aquarela sobre papel (Fátima Azevêdo)


 MALABARISTAS
                   (Fátima Azevêdo)

Somos todos muito iguais,
somos  bons malabaristas.
No ensaio dia-a-dia,
de  todos os rituais
aos  quais chamamos de vida,
somos  bons equilibristas.

Somos todos muito iguais,
somos bons malabaristas.
Se falamos sim ou não,
se estendemos a mão,
se erramos ou acertamos,
no final todos estamos,
em busca de muita paz.

(1988)