sábado, 10 de janeiro de 2009

DELÍCIAS MINHAS

Existem tantas delícias na vida que não daria para enumerá-las. Cada dia mais descobertas. Aqui, algumas delas:

Conversar com criança
Olhar borboleta voando
Beija-flor nos hibiscos de casa
Passarinho namorando
Pintinhos atrás da galinha
Casal de vovôs namorando
Um abraço caloroso
Um olhar carinhoso
Um beijo gostoso
Ouvir com atenção um idoso
Bem-te-ví comendo pimenta
As abelhas na minha cozinha
O olhar do meu poodle prá mim
A gratidão verdadeira
O respeito de filha prá mãe
Vêr um jovem de mãos dadas com o avô
Ver alguém comendo sem exageros, só prá viver
Quando ele me chama prá ver o lagarto no pé de tamarindo
A chuva caindo nas telhas
A chuva molhando meu rosto
O arco-íris que surge
A primeira lua cheia do mês
Pisar descalço na relva molhada
Ouvir o barulho do mar
O barulho da água correndo de um riacho
Embalar uma criança
Abraçar a minha filha
Dormir junto de um amor
Cozinhar prá quem se ama
Fazer da mão avião
Sentar à mesa em família
Fazer sombra na parede
Olhar o orvalho nas folhas
Vêr as flores acordarem
Vêr uma estrela cadente
Se saber amada
Visitar amigos
Compartilhar sonhos
Encontros
Fotografar pessoas
Fachadas antigas
Algumas horas só pra mim
Minhas amigas de colégio
Sabonete novo
Toalha macia
Lençol velhinho
Cafuné
Uma paixão
Dançar bem juntinho

UM POUCO DA ROSA

Não sei como são vocês, mas eu, de vêz em quando não gosto de ser eu mesma, ou melhor, queria mesmo é ser outra pessoa, bem diferente da que sou: a boazinha, a compreensiva, a fiel, a leal. Às vezes queria ser como a Rosa da música do Chico. Na verdade, a mulher de verdade dos dias de hoje está mais prá Rosa do Chico do que prá Amélia do Ataulfo. Como eu já disse, eu queria ser um pouco como a Rosa. Fazer as coisas bem quietinha, na surdina. Ser um pouco bandida e vadia como a Rosa. Queria também poder sair e não voltar ou só voltar quando quizesse e não ter sempre que voltar. Garantir ser sempre dele, mas de vez em quando, trocar seu nome. Deixá-lo um pouco inseguro. De propósito, assim como quem não quer nada, querendo. Queria às vezes e só às vezes, para não me acostumar, que fique bem claro, ser um pouco má. De vez em quando nós mulheres precisamos ser um pouco más. Não tão más a ponto de matar, mas más o suficiente para fazer doer um pouquinho o coração de alguns seres que só (sentem) reclamam de dor quando têm um espinho cravado na garganta. Aí então eu queria ser um.

(em 11.06.2006)

CASO DE AMOR

Ela é ativa
Ele é calado
Ela é atrevida
Ele educado
Ela é miúda
Ele é bem alto

Juntaram escovas e trapos
Juntaram vidas e sonhos

Tiveram uma filha.
Que passo!
Querida, atrevida,
Falante, ousada, um caso.

Ela é bicuda de salto alto,
Ele é barbudo não quer sapato.

Ele bagunça e nem liga,
Ela reclama e dá briga.

Ele vem calmo e namora,
Ela se passa e nem olha.

Ele se volta e abraça,
Eles se enlaçam
e ela valsa.

(janeiro 2003)

PRAINHA

Prainha, belo lugar...
Cada canto um encanto.
Cada brisa um olhar.

É bom lugar prá ficar,
é bom lugar prá pensar.
Cada onda um amar.

É lugar para chegar,
é tempo prá começar.
Te obriga a meditar
e rever teu caminhar.

Prainha e eu a sonhar.
Prainha estou a pensar
É assim que quero estar.
É aqui que vou ficar.

(em 31.01.2003 na casa dos pais de minha amiga Beatriz)

CAMINHANDO

Estou à beira do cais
procurando encontrar
a estrada p'ro moinho.
Que não é de vento
mas que é do tempo.
Do tempo do quem sabe
do tempo do não sei.
Procurando desmanchar
os bordados alinhavos,
tudo que for desalinho.
Procurando retomar
o meu rumo, meu caminho

(em 31.01.2003)