sábado, 26 de abril de 2014

LEMBRANÇAS. SÃO TANTAS...




Ainda estou meio paralisada emocionalmente falando. Não sei explicar com palavras. Papai partiu, viajou, (seja lá o nome que se dá ao verbo morrer e que não gostamos de pronunciar) desapareceu do meu raio de visão em janeiro deste ano. Minha primeira páscoa e meu primeiro aniversário sem papai.


Desde então, esvaziando a casa onde cresci, abrindo e fechando gavetas, me desfazendo de móveis, armários, roupas, livros, coisas pessoais de meu pai, cada vez que pego numa coisa é uma dor imensa. Não é a questão do apego material, é a questão da lembrança que a coisa me trás. 

Já encontrei cartas antigas, fotos oferecidas à minha mãe no começo do namoro, poemas engraçados e outros mais sérios. Contratos de trabalho, documentos do Ministério da Saúde agradecendo a papai pela sua participação na Reforma Administrativa, retratos nossos quando éramos crianças, bilhetinhos de nós para papai e mamãe, enfim, preciosidades caras para mim.

Tenho ainda duas malas e várias pastas para revisar e ver o que irei guardar e o que irei desprezar, doar, jogar fora. Me dói cada vez que começo a remexer em algo. As pastas 007, a cara de papai quando saía para trabalhar. Tudo ordenado minunciosamente. Muito diferente da filha mais velha.

Não sei...Uma amiga me telefonou e falando sobre as perdas, me sugeriu que eu guardasse todo esse material por um tempo e aos poucos fosse olhando. Talvez seja uma saída, até me sentir fortalecida o bastante para revirar minhas entranhas sem muita dor. (Fátima Azevêdo 26.04.2014)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

OBSERVANDO - UM CAMINHO PARA A HUMANIZAÇÃO

Quanto mais eu vivo mais aprendo observando o ser humano. Observar a raça humana, como ela se comporta, como ela reage, como pode ser doce e agressiva ao mesmo tempo, como pode ser responsável e inconsequente, como pode ser vaidosa e desumana, é um aprendizado sem fim. Como uns interagem com os outros, como alguém modifica seu olhar ou seu tom de voz dependendo de quem seja seu interlocutor, ou qual seja o seu interesse, é surpreendente. Trabalhando na área de educação e saúde há décadas, tive o privilégio de ao longo dos anos, me deparar com situações as mais singulares envolvendo pessoas das mais variadas posições hierárquicas. Não sou uma expert em comportamento humano. Muito menos uma estudiosa nessa área. Apenas uma observadora atenta, por mais distraída que pareça para muitos. Observar me deu a chance de conhecer um pouco melhor as pessoas, um pouco mais a mim mesma. Observar não nos confere poder algum, apenas nos dá a chance de meditar sobre nossas próprias atitudes frente a situações semelhantes às observadas por nós. Observar e meditar sobre o objeto de nossa atenção, talvez nos torne mais compassivos e menos desumanos.