quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

NENÊN NÃO GOSTA DE BARULHO.OS PÁSSAROS TAMBÉM NÃO.

Muitos estampidos para festejar a chegada do Ano Novo. Não gosto. Do Ano Novo não, dos papoucos. Não sou desmancha-prazer, mas acho que tem fogos de artifício sem muito estampido. Que são lindos, fantásticos, mas que não assustam criancinhas, nem velhinhos, nem cachorros, nem passarinhos...nem jovens senhoras assim como eu. Não precisava tanto barulho para saudar o ano que está chegando. Não precisava assustar os pássaros que estavam dormindo quietos em suas camas de folhagens. Nem muito menos assustar meus cães-de-guarda e amedrontá-los a ponto de fazê-los uivar e pedir colo. Tive que abrir a porta de casa e colocar os 3 mais medrosos para dentro. Deixá-los fuçar meus tapetes de crochê enquanto me olhavam implorando para deixá-los ficar até o barulho passar. E foi muito por conta desse barulho, da correria dos carros e da falsa alegria que contagia a população no final de ano que resolvi não vestir roupa nova, nem correr atrás de produção alguma e não sair de casa. Esse ano me dei ao luxo de escolher passar o reveillon em casa. Na minha própria casa. Não foi falta de lugar prá ir. Não foi falta de convite. Preferi ficar em casa.

Muitas pessoas parecem pensar que na noite do reveillon pode ser que o mundo se acabe, então, todos os sorrisos não dados no ano que está findando, todos os abraços e beijos poupados, toda a alegria aprisionada, todas as canções não cantadas, todos os amores não vividos, todas as palavras não ditas, todos os drinks não bebidos, todas as paixões não assumidas, enfim, tudo que a pessoa quiz fazer e não fez por um motivo ou por outro, terá que fazer ou acontecer na virada do ano.

Eu poderia sim ter ido para o Alpendre da Vila com minha irmã, cunhado, sobrinhas e com meus pais. Eles já estão tão idosos....Poderia ter ido para a praia com minha filha, seu namorado e amigos....Poderia também ter ido para a casa de uma amiga queridíssima, amiga-irmã. Mas não fui. Passei o dia de certa forma com meus queridos. Fui ao Cumbuco levar guloseimas para uma família querida que mora num sítio distante, fui na casa de meus pais e encontrei com Lúcia Adad, amiga do tempo do HCRP. É sempre uma bênção rever amigos queridos. Fui deixar minha filha na casa do namorado e enfim, depois de encher o tanque do carro, cheguei em casa prá ficar com o meu querido. Fiz a escolha certa. Fiz o que mandou meu coração.

domingo, 28 de dezembro de 2008

EXPECTATIVAS

É, 2008 está acabando e 2009 apontando.
O que será que mudará em nossas vidas?!
Muitas coisas? Poucas? Tudo? Quase nada?!
Não sou a pessoa mais indicada prá responder a essas perguntas pois no dia de hoje,mal sei de mim... E não me perguntem por quê porque não responderei.
Só sei que o grande lance é não esperar nada. De ninguém. O grande lance é não ter expectativas.
Grande lição de vida. O que vier é lucro. E cá entre nós, alguém já havia me sussurrado isso ao pé do ouvido e não dei bolas. Me ferrei. Tive muitas expectativas. Por quê a gente fala, dá conselhos e esquece quando nós mesmos somos os atores? Expectativas não levam à nada. Expectativas geram muitas decepções. O melhor mesmo é ter surpresas, sejam elas quais forem. De preferência que sejam as boas.
Então, mesmo sem muitas expectativas, vamos torcer para que 2009 venha com uma leveza que todos nós merecemos. Venha com cores mais brandas e com um horizonte mais luminoso. É apenas um desejo, nunca uma expectativa.
Que nesse final de ano os ventos levem toda a poeira acumulada em cada uma de nossas artérias, em cada um de nossos poros e que possamos respirar um ar mais puro, com todas as metáforas que possamos imaginar.
Que as pessoas possam receber sem aprisioná-lo todo o amor e carinho ao seu redor e que percebam o quanto é desperdício não aprender a amar, a gostar, a abraçar, mesmo sem motivo especial, simplesmente por se estar vivo.
Feliz 2009 prá mim e prá todo mundo.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

QUANDO CHEGA DEZEMBRO...

caixa oval em découpage feita pela minha mãe em 2006 Quando chega dezembro chegam muitos pensamentos à minha mente e uma caravana de emoções ao meu coração. É como se um filme em rápida velocidade começasse a passar na minha frente. Mil perguntas começo a me fazer e percebo que poucas pessoas tem a real consciência do significado do Natal. Percebo que pessoas que não praticam a caridade durante o ano inteiro viram anjos-da-guarda dos pobres e infelizes. Isso enquanto tocam os sinos do Natal. Mas passada a meia-noite quando a varinha de condão da bondade se quebra, essas pessoas voltam à sua normalidade e retornam à sua rabugisse e mesquinhez humana(ou desumana?).

Quando chega dezembro lembro de meus Natais de criança feliz que sempre ao acordar tinha um presente do lado da cama a me esperar. Lembro também que não tínhamos tanta fartura, mas tínhamos harmonia de sobra e as pessoas pareciam mais felizes e menos preocupadas com o sucesso financeiro, ou com a roupa de grife, ou com a última invenção tecnológica do mercado digital.

Quando me chega dezembro, lembro dos idosos de minha família rodeados dos mais jovens que lhes ouviam as histórias e as canções de então. Lembro de toda a família reunida e de muitas histórias engraçadas...

Agora quando me chega o Natal, a alegria não é tanta... Tem a saudade dos que já se foram... Tem a preocupação com os que não tem um pão seco na mesa para comer enquanto nas instituições públicas tanto dinheiro é gasto com comemorações cheias de comilança e pouquíssima consciência fraterna.

Quando chega dezembro, já fico pensando em que desculpa terei que dar para não ir a essas comemorações cheias de discursos e tantos comes-e-bebes que não levam a nada. Esse ano não fui a uma desse modelo. Fiquei feliz comigo mesma.

Tantas palavras bonitas nas festividades do Natal e no dia seguinte não se perdoa uma pequena falha de um irmão, de um companheiro, de um motorista pouco educado no trânsito. Será que estamos todos ficando loucos?.... Estamos todos ficando mais falsos?....Mais ridículos...a cada ano que passa?

Não aguento mais festividades de Natal aonde a fraternidade não esteja presente. Aonde apenas pessoas muito queridas não estejam. Basta de tanta futilidade usando o nome de Jesus para exercer a vaidade. Chega! Tô fora.

Prá mim quanto mais em casa e repensando o que fiz ou deixei de fazer, melhor o Natal.

Mas, como faço parte de uma família que tem gente idosa e que ainda curte muito o espírito do Natal, me rendo e participo da ceia, mas não nego, meu pensamento viaja o tempo inteiro. Não me culpo porisso. É uma forma inteligente de sobreviver às festividades natalinas.

Mas eu gosto muito de Natal. Das luzes, das ávores de Natal, dos enfeites e da minha casa que passa pelo menos uns dias bem arrumadinha.

PAIXÃO, CADÊ VOCÊ?

desenho feito à lápis em caderno escolar por Fátima Azevêdo Alguns casais muito bem casados, mas, com o olhar opaco, com o sorriso amarelo e com o andar fora da cadência, parecem perguntar:

Aonde anda a paixão?
Que bicho deu nela?
Aonde se meteu?
A paixão está morrendo?
Do que depende a paixão para continuar viva?
Qual a sobrevida de uma paixão enferma?
A paixão está com seus dias contados?
Ela não morre?
Viaja e depois retorna?
Como funciona essa coisa de paixão nos relacionamentos?

Sei bem que receitas só funcionam as de bolo e as de remédios. E olhe lá,ainda dependem da mão de quem as faz, bem como da qualidade do forno, e do organismo de quem os toma respectivamente.

Ih, é um assunto complicado falar de paixão com interrogações.

Quando a paixão é ponto e exclamação não é problema.. Ela é. Ela está. Ela faz.
Mas quando é interrogação, ela quer resposta e às vezes as respostas não aparecem, ou porquê não desejam aparecer ou mesmo porquê não existam ainda respostas naquele tempo e naquele espaço. Então a paixão sofre, vira coisa perdida, pelo avesso, sem cor, sem som, sem luz, sem sal, sem tempero. Aí não é mais paixão. É escombro de paixão.


Conheço um bando de casais de todas as idades, do mais jovem ao mais velho, acomodados com suas pseudo-paixões. É uma feiúra. A gente sente no ar. Não adianta
mãos dadas, beijinho em público, amorzinho pra cá, amorzinho pra lá. Não dá pra esconder.
A acomodação bateu, falta alguma coisa. A acomodação é a morte da paixão. Falta aquele brilho no olhar, aquela luz no sorriso e aquele “de bem com a vida” que nem mesmo o pior dos Severinos da vida pública pode atrapalhar.


A paixão nos relacionamentos não é movida à receitas, roteiros de auto-ajuda, pílulas na hora do almoço, spas de jejum, cursos de Kama Sutra, janela indiscreta, silicone, botox ou coisa que o valha. A mim me parece que é algo meio inexplicável, com propriedades químicas específicas e tudo de invisível que se rotula de magia. Na minha opinião não científica e extremamente pessoal, a paixão funciona com um pouco de tudo. Primeiro eu tenho que estar apaixonada pela vida. É isso mesmo. Apaixonada pela vida, pelas coisas que faço, tenho que ter admiração pelo outro, gostar muito de mim, da pessoa que sou, ter respeito pelo outro e por mim, ter por certo que sou desejável, ter tesão pelo outro e pela vida e por tudo que me rodeia e por tudo de bom que a vida pode me dar. Preciso ter consciência de todas as trocas possíveis e não possíveis de acontecer no relacionamento, saber das minhas limitações, ter cuidado com as expectativas, não ter opinião formada sobre tudo, manter o brilho nos olhos sem beirar a alienação e ser antes de tudo uma pessoa autêntica. E pra ser autêntica a gente deve guardar os medos do que os outros e o outro vão pensar de nós, no fundo do baú e jogar a chave na primeira correnteza que encontrar. Porquê prá viver uma paixão, de verdade, eu não posso fazer de conta. Eu tenho que ser eu mesma. Com toda a minha história com H maiúsculo.


Acredito e sei que paixão não é coisa limitada aos mais jovens. Nem poderia. Seria muito injusto se assim o fosse. É direito de todo e qualquer ser vivente. Pois, cuidemos da nossa paixão. Não consigo viver sem uma e naturalmente, danço conforme a dança, conforme o dia, conforme a paixão. Sempre fui e continuo sendo uma ótima dançarina. Estou sempre-viva e dou graças a essa palavra sonora que me faz flutuar entre a realidade e o sonho e usar e abusar da minha criatividade: Paixão.

Em 25/09/2005