A PALAVRA
(Fátima Azevêdo)
Minha quarta dimensão. Nada
premeditado. Nada planejado. Vão fluindo, vão brotando e eu não tenho controle
algum sobre elas, as palavras. Com todo respeito à Clarice (a Lispector), elas
também são minha quarta dimensão. Ai de mim se não fossem as palavras. Às vezes
posso dizer muito sobre muitas coisas e outras vezes, sei muito sobre outras
tantas e não posso falar. Não devo falar. Então eu calo. Mas não que eu goste
de calar, é porque simplesmente eu respeito as pessoas. Eu respeito até quem
não me respeita. Eu não gosto de causar constrangimento aos outros. Então, eu sei de coisas, mas não falo. Eu
guardo muitas estórias, vasos quebrados de terceiros e muitas memórias, nos
vários aposentos do meu coração e às vezes jogo fora também. Toco fogo. Queimo
tudo. Faço uma faxina geral. Eu sei de coisas que me fizeram e as pessoas nem
sabem que me fizeram. Eu senti tristezas que vocês nem imaginam por que, nem por
quem. Eu já caí do dorso do meu cavalo alado tantas vezes que não daria para
contar nos dedos. Ainda assim, continuo acreditando nos seres bípedes, mesmo
quando trocaram o par de braços por mais
um de pernas. Continuo crendo que pessoas não magoam outras de caso pensado.
Penso que a alegria, o amor e a paixão, são o estado normal de se viver e que
qualquer coisa que nos tire dessa sintonia, qualquer pessoa que nos roube dessa
harmonia, deve ser sumariamente eliminada de nossa esfera de luz, sem piedade.
Nessas horas eu não sou piedosa.
Eu e você temos a nossa própria luz
que é feita de nossos pensamentos, de nossos desejos, de nossas atitudes, de
nosso amor, de nossa paixão, etc. Somos o que pensamos, o que desejamos, o que
fazemos e amamos.
(26.10.10)
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