sábado, 26 de abril de 2008

CIDADE SEM LEI



Já é uma hora da manhã e estou acordada, com muito sono e sem conseguir dormir, com a gritaria e cantoria altíssima da nova casa de show situada à avenida Maestro Lisboa. Como se não bastasse a “Off Road” na avenida Washington Soares, agora temos mais um “point” de desassossego noturno.

Em uma época em que todas as populações mundiais estão ligadas em meio-ambiente, no controle do consumo de água, da poluição ambiental e sonora, na alimentação equilibrada e saudável, em novos modelos educacionais, estamos em Fortaleza, andando para trás. Estamos caminhando no sentido inverso. Como se nada do que foi cientificamente provado e comprovado à respeito dos danos causados à saúde pela poluição sonora fosse verdade. Sabe-se que níveis altos de decibéis estão relacionados a aumento dos níveis de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, modificação na produção hormonal, irritabilidade, diminuição da concentração, dependência e muitos outros. Tudo isto cientificamente comprovado. Mas isso não conta. O que conta é o dinheiro que está rolando. É o lucro à curto prazo para os donos das casas de show e para quem está apadrinhando o empreendimento, é claro.

O inferno do Fortal é passageiro, ainda assim é escandaloso para os moradores de suas imediações. Mas essas duas casas de show não são apenas uma ocorrência passageira, portanto suportável, porque você sabe que vai acabar logo. Os eventos tanto em uma como em outra, são semanais e muitas vezes de quinta-feira a domingo. Ou seja, nós moradores das imediações do Colégio Christus Sul (sede à avenida Maestro Lisboa), da Casa de José de Alencar, do Condomínio Morada do Ipê, do Condomínio Palazo Paradiso e tantos outros, só temos noites tranqüilas de segunda a quarta-feira,ou seja, três dias por semana. Isso quando não passa algum “paredão” exibindo a sua potência sonora madrugada à dentro. Estamos vivendo, nós moradores dessas imediações, como os ratinhos das experiências de Pavlov. Quando se aproxima quinta-feira já ficamos com aquela sensação de tristeza e impotência, de raiva e revolta porque sabemos que à noite não teremos sossego para dormir nosso corpo cansado e sonhar que acordaremos dispostos para um novo dia.

A impunidade com que esses casos de poluição sonora são tratados pelos órgãos públicos nos mostra o quão mal nós elegemos os nossos representantes, o quão facilmente o povo é enganado, o quão pouco conscientizados dos nossos direitos nós somos como cidadãos e o quão pouco organizada é a nossa sociedade.

A poluição sonora e a desordem social acabaram com o bairro mais lindo da nossa cidade-a Praia de Iracema. Não podemos deixar que isso se repita.

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