sexta-feira, 26 de outubro de 2007

BEM-QUERER

Querer bem é algo tão amplo, tão imensuravelmente grande que às vezes pode ser mal entendido. Quando se tem bem-querer por alguém a própria palavra por si só se explica. Bem-querer, querer bem, querer o bem.

No entanto, às vezes, o bem querer é mal entendido e confundido com vigilância. E será que dá pra separar um do outro? Não sei não. Não me perguntem. Gostaria de ter uma resposta na ponta da língua para essa minha pergunta. Você tem? Quem quer bem, cuida. Quem cuida está sempre vigilante, atento. Não imagino um filho cuidar de um pai sem estar atento a esse pai. Não imagino um pai cuidar de um filho sem se manter vigilante. Bem querer requer  cuidar, que implica em estar atento às necessidades do outro, seja esse outro mãe, pai, filha, marido, irmão, amigo, seja quem for o objeto do nosso bem querer. Não me imagino querendo bem a alguém e deixando esse alguém tomar chuva tendo eu um guarda-chuva para oferecer. Não me vejo querendo bem a alguém e não dizendo algumas verdades por mais duras que possam ser quando os olhos do meu bem-querer estão momentaneamente vedados à essas mesmas verdades.

Corro muitos riscos por querer bem. Me arrisco muito por meu bem-querer. Às vezes escuto o que não queria, engulo o que não gostaria. Acontece às vezes de ter uma indigestão aqui outra ali , mas nada que o amor não cure. Mas vou fazer o quê? Um bem-querer não se escolhe, ele muitas vezes aporta sem perguntar, sem ser convidado e se instala na vida da gente “feito um poceiro”, como diz bem o grande poeta de olhos verdes. Ou às vezes até é convidado e a gente nem se apercebe que convidou. Muitas vezes são nosso sangue: filhos, pais, irmãos. Outras vezes, são irmãos de fé, companheiros dessa viagem chamada vida.

O bem querer pode também ser armadilha, pode cegar, ensurdecer e emudecer. Aí ele precisa ser cuidado para manter o equilíbrio. Precisa de uma equipe multidisciplinar de força de vontade para deixar de ser armadilha e voltar à antiga leveza e colorido que jamais deveriam se perder nas jornadas do afeto. Bem querer nunca é demais, desde que a gente entenda que a vida de cada um é a vida de cada um e que nós só podemos viver a nossa própria vida.



Em 11.09.06
(na Casa Amarela aguardando minha filha sair da aula do Curso de Fotografia)

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